Metodologias Ágeis: Qual usar no processo de inovação?
- Alium
- 25 de ago. de 2024
- 5 min de leitura
O uso das metodologias ágeis têm crescido bastante nos últimos anos, desde que as empresas perceberam que não era mais possível desenvolver produtos e serviços como se fazia antes - investindo recursos em massa em uma aposta aparentemente infalível. Hoje, entende-se que os recursos precisam ser mais racionalizados e que os produtos devem ser desenvolvidos olhando para as necessidades do cliente, e não para as necessidades da empresa. Em outras palavras, o processo de inovação mudou, deixando de ser centrado no produto para ser centrado no cliente.
Por isso, nesse artigo nós vamos destacar quais metodologias ágeis são mais apropriadas para cada tipo de processo de inovação. Você verá ao final, que não existe uma metodologia ágil melhor do que a outra, mas sim aquela que é mais adequada ao processo de inovação que a organização está lidando no momento.
Os 3 tipos de Inovação
Pode-se dizer que a inovação é dividida em 3 categorias: Incremental, Disruptiva e Radical.
A inovação incremental é aquela em que um produto ou serviço existente passa por melhorias periódicas em suas funcionalidades ou processos. Esse é o tipo de inovação mais comum que existe. Um bom exemplo que podemos citar são as melhorias realizadas nos smartphones de uma versão para a outra. Em cada nova versão, são melhorados vários atributos, como a câmera, o desempenho, os aplicativos, etc. Ou seja, as inovações incrementais agregam valor naquilo que já está consolidado para o cliente.
Já a inovação disruptiva, por sua vez, é aquela em que um novo produto ou serviço acabam mudando a lógica de funcionamento de um setor. Esse tipo de inovação é o que vem mais acontecendo nos últimos anos. Os exemplos que podemos citar são os da Netflix, Uber e AirBnB. Em todos esses casos, essas empresas mudaram, respectivamente, a lógica dos setores de entretenimento, transporte e hotelaria, trazendo uma nova proposta de valor para os seus consumidores.
Em outras palavras, sempre que algum novo produto ou serviço muda o comportamento dos consumidores e torna os negócios dos seus concorrentes obsoleto, podemos dizer que houve uma inovação disruptiva.
Por fim, a inovação radical é aquela em que um produto ou serviço inédito passa a ser ofertado para o cliente. Diferentemente da inovação disruptiva, não houve aqui a modernização de algo já existente, mas sim a invenção de algo que ainda não existia.
Esse tipo de inovação foi muito presente até meados do século XX, onde foram criados vários produtos ou serviço que não existiam, como o carro, energia elétrica, internet, etc. Com isso, pode-se dizer que toda vez que acontece uma inovação radical cria-se um novo mercado, destruindo tudo aquilo que existia anteriormente. Esse fenômeno ficou conhecido, pelas palavras de Joseph Schumpeter, como Destruição Criativa.
As Metodologias Ágeis
Desde que se popularizaram no início dos anos 2000, as Metodologias Ágeis provocaram os gestores a enxergar o processo de desenvolvimento de produtos e serviços de uma outra forma. A ideia central que as metodologias ágeis trouxeram era fazer com que esse processo fosse mais flexível, adaptável e mais centrado no cliente, algo bem diferente do processo que ficou conhecido como processo em cascata, que era um processo que permitia poucas oportunidades de se adaptar as mudanças de mercado.
A grande popularização das metodologias ágeis se deu justamente porque as organizações passaram a perceber que as necessidades dos seus consumidores se tornaram mais amplas. Logo, a ideia de fazer grandes apostas em produtos, sob a premissa "basta lançar para o cliente comprar", acabou se tornando algo muito arriscado e com grandes chances de prejuízos.
Entretanto, é inegável verificar que houve avanços nos conceitos das metodologias ágeis durante esses 20 anos de existência. No início, muitas metodologias eram voltadas para a desenvolver produtos com foco em inovações incrementais. Hoje, são necessárias metodologias voltadas também para inovações disruptivas e radicais.
Por isso, vamos destacar abaixo quais são as metodologias ágeis mais adequadas para cada tipo de inovação que se deseja alcançar.
Metodologias Ágeis para Inovações Incrementais
Como vimos anteriormente, as inovações incrementais são aquelas voltadas para melhorias em produtos ou serviços já existentes. Nesse caso, a organização precisa buscar uma forma de tornar esse processo de inovação mais eficiente. Isso faz com que metodologias como Scrum, XP e Lean sejam as mais adequadas para esse tipo de inovação.
Cada uma dessas metodologias visa desenvolver melhorias contínuas em produtos, sempre em escalas menores, mas sempre com o foco em racionalizar o máximo possível os recursos que estão sendo utilizados.
Assim, nenhuma dessas metodologias prega o desenvolvimento de grandes entregas, pois entende-se que quanto maior for a entrega, maior será a chance da equipe ter feito mais do que foi solicitado pelo cliente.
Metodologias Ágeis para Inovações Disruptivas
Já no caso das inovações disruptivas, que são aquelas que mudam a lógica de um setor já existente, são necessárias metodologias que consigam capturar necessidades de clientes que até então estavam ocultas. Assim, metodologias como Growth Hacking, Jobs to be Done e Startup Enxuta acabam sendo bem adequadas para esse tipo de inovação.
Isso porque essas metodologias ajudam as organizações a desenvolver produtos que alteram seus modelo de negócios, criando assim uma nova proposta de valor para os seus clientes.
Ou seja, nesses casos a agilidade não está em entregar melhorias aos poucos, como acontece na inovação incremental, mas sim em ir testando aos poucos um novo produto com os seus clientes. A medida que esses testes vão ocorrendo, a quantidade de clientes vai aumentando, até que o produto chegue em um público comercialmente viável.
Metodologias Ágeis para Inovações Radicais
Por fim, temos os casos das inovações radicais, que são aquelas que criam produtos, serviços ou negócios inéditos. Para esse tipo de inovação, os métodos apresentados para as inovações disruptivas também são perfeitamente cabíveis. Porém, como se trata de algo inédito, há uma outra metodologia ágil que pode ser acrescentada a esse kit de metodologias: o Design Thinking.
Como o Design Thinking tem a sua origem no design de produtos, essa metodologia pode ajudar bastante as pessoas quando elas precisam pensar em construir algo do zero. No Design Thinking, a ideia é que as pessoas possam conseguir resolver problemas complexos, sempre com o olhar naquilo que o cliente precisa.
É por isso que quando olhamos para a história, vemos que empreendedores que trouxeram inovações radicais, como Henry Ford, são grandes design thinkers. Em uma de suas célebres frases, Ford disse:
"Se eu perguntasse aos meus compradores o que eles queriam, teriam dito que queriam um cavalo mais rápido." (Henry Ford)
Grandes design thinkers, como Henry Ford, conseguem enxergar além daquilo que o ser humano normal está vendo. E com isso, eles conseguem transformar suas visões em uma solução completa. Afinal, Ford não inovou apenas em ter popularizado o famoso Modelo T, mas sim em ter criado o conceito da linha de montagem, levando o mundo inteiro a se beneficiar do que conhecemos hoje como produção em massa, processo que democratizou o acesso a vários bens de consumo que tornaram nossas vidas muito mais confortáveis, como ar condicionado, microondas, smartphones, etc.
Concluindo...
Como vimos, o conceito das metodologias ágeis evoluiu bastante nos últimos 20 anos. O que precisamos nos focar agora é em escolher quais metodologias devemos aplicar no contexto que estamos vivendo.
Para isso, a primeira coisa que as organizações precisam saber é quais são os objetivos de inovação ela está querendo atingir. Como vimos nesse artigo, dependendo do tipo de inovação que a organização estiver lidando no momento, a escolha da metodologia ágil a ser aplicada será diferente.
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